Diversos fatores contribuíram para o atraso de Inglaterra, França e Holanda nas grandes navegações. Entre eles, destacam-se a instabilidade política e econômica e a falta de uma monarquia centralizada. Além disso, interesses das burguesias nacionais e resistências feudais dificultaram o processo de expansão mercantil.
Atraso da Inglaterra
A Inglaterra enfrentou muitos desafios que retardaram sua participação nas grandes navegações. Um dos principais foi a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), travada contra a França. Esse conflito desgastou o país. Logo em seguida, houve a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), que agravou ainda mais a situação. Essas guerras criaram um cenário de instabilidade que dificultou a atuação inglesa no comércio marítimo.
Somente a partir do reinado de Henrique VII, da dinastia Tudor, a Inglaterra começou a se aventurar nas grandes navegações. O sucesso da Espanha e Portugal serviu de inspiração. Entre 1497 e 1498, os italianos João e Sebastião Caboto exploraram o Labrador, no Canadá, em nome da Inglaterra. Mais tarde, entre 1584 e 1587, Walter Raleigh fundou a colônia da Virgínia, o primeiro núcleo colonial inglês na América.
A segunda viagem de circum-navegação realizada por Francis Drake, entre 1587 e 1590, foi outro marco importante. Esse feito consolidou o interesse da Inglaterra nas navegações. Até 1740, o país estabeleceu as Treze Colônias na América do Norte, que foram fundamentais para o desenvolvimento do império britânico.
Atraso da França
A França também sofreu com os efeitos da Guerra dos Cem Anos, que enfraqueceu o país. Além disso, a resistência da nobreza atrasou o processo de centralização do poder monárquico. Esses problemas internos dificultaram a participação francesa nas grandes navegações.
As primeiras expedições francesas começaram no século XVI, sob o governo da dinastia Valois. Em 1523, o navegador italiano Verrazano, a serviço da França, alcançou o litoral do Canadá e do norte dos Estados Unidos. Poucos anos depois, em 1534, Jacques Cartier navegou pelo Rio São Lourenço e fundou a colônia de Nova França, o primeiro estabelecimento francês na América.
Sob o reinado da dinastia Bourbon, a França continuou expandindo suas colônias. Em 1604, os franceses ocuparam a Guiana. Pouco depois, em 1608, fundaram Quebec, no Canadá. Durante o século XVII, os franceses expandiram sua presença na América do Norte, estabelecendo colônias ao longo do Rio Mississippi, como Saint Louis e Nova Orleans, que se tornaram parte da colônia da Louisiana.
Os franceses também tentaram colonizar o Brasil. Em 1555, fundaram a França Antártica, no Rio de Janeiro, que durou até 1567. Mais tarde, entre 1612 e 1615, tentaram estabelecer a França Equinocial, no Maranhão. Ambas as tentativas fracassaram. Além dessas expedições, os franceses começaram a explorar o Oriente no reinado de Luís XIV, estabelecendo colônias na Índia.
Atraso da Holanda
A Holanda tinha uma longa tradição mercantil, mas sua independência foi tardia. Antes de 1581, os holandeses estavam sob domínio espanhol. Apenas com a formação das Províncias Unidas dos Países Baixos do Norte, eles conseguiram iniciar sua própria expansão colonial.
Após a independência, os holandeses criaram companhias de comércio para explorar as Índias Orientais e Ocidentais. Em 1626, eles fundaram Nova Amsterdã na América do Norte, que mais tarde foi tomada pelos ingleses e renomeada como Nova York.
Entre 1624 e 1654, os holandeses invadiram o nordeste brasileiro, tentando controlar a produção de açúcar. Nesse mesmo período, também realizaram incursões em colônias portuguesas na África, nas Antilhas espanholas e no Oriente. A Guiana Holandesa, atual Suriname, foi outro território controlado pelos holandeses na América do Sul.
No século XVII, a Holanda consolidou um vasto império colonial, especialmente nas Índias Orientais. Embora tenham iniciado suas explorações mais tarde do que Espanha e Portugal, os holandeses conseguiram estabelecer uma forte presença comercial em várias partes do mundo.
Conclusão
Inglaterra, França e Holanda demoraram mais para se envolver nas grandes navegações, principalmente devido a conflitos internos e resistências políticas. No entanto, quando finalmente participaram, cada um desses países deixou sua marca na história das expedições e do comércio marítimo. Suas colônias e conquistas moldaram o futuro da economia mundial e influenciaram o desenvolvimento das relações internacionais.
Leituras sugeridas: