Em 9 de março de 1500, uma esquadra portuguesa, composta por 13 embarcações e cerca de 1.200 homens, partiu de Portugal. Pedro Álvares Cabral comandava essa expedição. O objetivo era fundar feitorias e conquistar terras nas Índias, consolidando o império português no Oriente.
Porém, em abril do mesmo ano, a esquadra acabou chegando às terras que hoje chamamos de Brasil. Alguns estudiosos acreditam que o objetivo da viagem também era reconhecer e tomar posse de territórios no Atlântico Sul. Assim, Portugal ampliaria seu domínio além do Oriente.
Documentos sobre o Descobrimento
Vários documentos históricos relatam o descobrimento do Brasil. Entre os mais importantes, estão:
- Carta de Pero Vaz de Caminha: Nela, Caminha descreve a chegada ao Brasil. A carta foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos. Desapareceu até o início do século XIX, quando foi reencontrada na Torre do Tombo, em Lisboa, e publicada pela primeira vez em 1817.
- Relatório do Mestre João: Escrito por um médico e cosmógrafo da época. Esse documento não é oficial, mas traz detalhes importantes.
- Relatório do Piloto Anônimo: Outro documento não oficial, escrito por um piloto da esquadra de Cabral. O autor nunca foi identificado.
- Carta de D. Manuel I aos reis da Espanha: Escrito em 1501, o rei de Portugal comunica a descoberta de novas terras por Cabral. Esse documento é um dos primeiros registros oficiais sobre o Brasil.
Controvérsias sobre o Descobrimento
Por muito tempo, acreditava-se que o Brasil havia sido descoberto no dia 3 de maio de 1500. No entanto, a redescoberta da Carta de Caminha revelou que a data oficial era 22 de abril. Isso desfez as dúvidas sobre o verdadeiro dia do descobrimento.
Há também uma controvérsia sobre o local exato onde Cabral teria desembarcado. Muitos acreditam que a esquadra aportou na baía de Porto Seguro, no sul da Bahia. Porém, há registros que indicam que o verdadeiro local seria a baía Cabrália, também no sul da Bahia. Além disso, foi nesse local que o frei Henrique Soares de Coimbra celebrou a primeira missa no Brasil.
Descobrimento: Acaso ou Intencionalidade?
Existem duas principais teorias sobre o descobrimento do Brasil: a teoria da casualidade e a teoria da intencionalidade.
De acordo com a teoria da casualidade, Cabral teria se afastado demais da costa africana para fugir das calmarias. Ao fazer um arco muito aberto, ele acabou atingindo o Brasil. Outro argumento a favor dessa teoria é que uma tempestade teria desviado a rota da esquadra. Os ventos teriam empurrado os navios para uma corrente marítima que os levou ao litoral brasileiro.
Por outro lado, a teoria da intencionalidade nega esses argumentos. Defensores dessa visão apontam que nenhum dos documentos históricos, incluindo a carta de Caminha, menciona fenômenos meteorológicos ou correntes marítimas que pudessem ter alterado a rota. Se uma tempestade ou desvio tivesse ocorrido, certamente teria sido registrado.
Além disso, o afastamento da costa africana fazia parte das instruções de navegação da época. Navegar em arco era uma prática comum e recomendada por Vasco da Gama. Assim, os navegadores portugueses, com vasta experiência, não teriam cometido erros grosseiros.
A Carta de Caminha reforça a ideia de que a chegada ao Brasil não foi acidental. A carta descreve minuciosamente o cotidiano da tripulação e as ocorrências da viagem. Em nenhum momento, há menção a mudanças nos planos da expedição.
Outro argumento favorável à intencionalidade está na carta de D. Manuel I aos reis da Espanha. Nela, o rei demonstra já ter algum conhecimento sobre as terras recém-descobertas. Além disso, a atitude de D. João II, ao contestar a demarcação do Tratado de Tordesilhas, sugere que os portugueses já sabiam da existência de terras no Atlântico Ocidental.
Conclusão
O descobrimento do Brasil foi um evento marcado por controvérsias. A chegada da esquadra de Cabral pode ter sido fruto do acaso ou de um plano previamente estabelecido pelos portugueses. Seja como for, a descoberta dessas novas terras foi um marco importante para a história de Portugal e do Brasil. Os documentos históricos e a interpretação de suas intenções seguem gerando debates entre os estudiosos.
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