Portugal e o Ciclo Oriental de Navegações

Portugal foi pioneiro e liderou o início da expansão mercantil europeia. O país desenvolveu o Ciclo Oriental de Navegações, uma série de expedições marítimas que buscavam chegar ao Oriente, navegando em direção ao sul e leste. Esse processo começou com a exploração do litoral africano.

O pioneirismo de Portugal ocorreu devido a vários fatores. A centralização política resultou na formação de uma monarquia nacional ainda na dinastia de Borgonha (1138-1383), e se consolidou com a ascensão da dinastia de Avis após a Revolução de 1385. Os reis de Avis, em parceria com a burguesia mercantil, focaram na expansão náutica, incentivando o estudo e o desenvolvimento da arte náutica.

D. Henrique, o Navegador, foi responsável pela criação de um grande centro de estudos náuticos em Sagres, em 1418, conhecido como “Escola de Sagres”. Portugal vivia um período de paz interna e tinha uma localização geográfica privilegiada, no extremo oeste da Europa, que favorecia o comércio marítimo através de seus portos desenvolvidos.

 

As navegações e as conquistas portuguesas

 

Início da Expansão Marítima Portuguesa

Os portugueses iniciaram sua expansão marítima no “Ciclo Oriental”. Eles começaram explorando a costa da África. Em 1415, uma expedição militar tomou Ceuta, no noroeste do continente. Ceuta era um ponto estratégico, pois ligava mercadores muçulmanos do Saara. Com essa vitória, Portugal passou a controlar o Estreito de Gibraltar. No entanto, o sucesso militar não resultou em ganhos comerciais, já que as caravanas desviaram seu comércio para outras regiões. Assim, os portugueses decidiram explorar mais da costa atlântica africana.

Conquistas no Litoral Africano

Em 1434, Gil Eanes alcançou o Cabo Bojador, próximo às Ilhas Canárias. Em 1445, chegaram ao Cabo Branco e fundaram a feitoria de Arguim. Além disso, nesse período, Portugal anexou importantes ilhas atlânticas: Madeira em 1419, Açores em 1431 e Cabo Verde em 1445. Nesses territórios, começaram a plantar cana-de-açúcar e criar gado, utilizando mão de obra escrava africana. Também foi ali que Portugal aplicou, pela primeira vez, o sistema de capitanias hereditárias.

 

Rumo às Índias e o Périplo Africano

Buscando novas rotas para as Índias, os navegadores portugueses exploraram o Golfo da Guiné em 1452. Eles chegaram ao Cabo das Palmas e, em 1471, cruzaram a linha do Equador. Em 1482, Diogo Cão alcançou a foz do Rio Congo e explorou Angola. Nessa região, os portugueses fundaram feitorias em São Jorge da Mina, Luanda e Cabinda, focando no comércio de especiarias e no tráfico de escravos.

Em 1488, Bartolomeu Dias completou o contorno do litoral africano ao chegar ao Cabo da Boa Esperança. Dez anos depois, Vasco da Gama navegou pelo Oceano Índico e chegou à cidade de Calicute, na Índia. A partir daí, Portugal intensificou seus esforços para estabelecer um império no Oriente.

Expansão Portuguesa no Oriente

Em 1500, uma esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, mas o foco principal ainda era o Oriente. Entre 1505 e 1515, Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque lideraram conquistas na Índia e na Indonésia, ampliando o controle de Portugal. Quando não conseguiam conquistas militares, os portugueses faziam acordos comerciais, como em Macau (China) e no Japão.

Apesar das vitórias, os custos militares e administrativos começaram a pesar sobre o Império Português. Após 1530, a queda dos preços das especiarias e a concorrência de ingleses e holandeses dificultaram a manutenção do império. No século XVII, o vasto domínio português no Oriente estava em declínio, levando ao seu desmantelamento.

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